14 de abril de 2025

O que é Value Investing? Modelo criado por Benjamin Graham

monte de moedas que formam um gráfico de barras

Você já deve ter se deparado — especialmente nos dias de hoje, de intensa produção de informações — com diversas filosofias e recomendações de investimento, não é mesmo? Isso é algo que acaba por causar uma desconfiança por parte do investidor e, de certo modo, também gera receio de investir por não saber qual é a forma correta.

Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) evidenciam que o brasileiro não tem o hábito de poupar e, ainda, tem receio de alocar dinheiro em produtos financeiros diversificados: apenas 42% tinham algum recurso guardado no final de 2018, e 89% ainda aplicam na caderneta de poupança.

Parte disso podemos atribuir ao desconhecimento sobre a melhor forma de poupar e de como ser um investidor de sucesso. Uma das maneiras de solucionar esse quadro é conhecer as principais correntes de pensamento da acumulação de capital, especialmente aquelas de grandes nomes relacionados à economia e aos investimentos.

Ao falar de grandes nomes dessa área, não é possível ignorar as contribuições do Economista Benjamin Graham, autor do célebre e clássico best-seller “O investidor inteligente”, que influenciou grandes nomes do mundo dos investimentos como Warren Buffet.

Hoje, vamos contar em detalhes quem foi Benjamin Graham e explicar um dos pilares da sua filosofia de acumulação de riqueza: o value investing (investimento de valor). Confira!

Quem foi Benjamin Graham, o pai do Value Investing?

Benjamin Graham (1894-1976), embora nascido em Londres, foi criado nos EUA e graduado na Universidade de Columbia. Ingressou em Wall Street na década de 1910, aos 20 anos, ainda sem recursos e qualificações necessárias.

Já em 1926, com alguma casca adquirida na área, fundou o seu próprio negócio com o canadense Jerry Newman. A crise de 1929 o atingiu duramente, levando grande parte do seu patrimônio, mas trazendo ideias que moldariam seu pensamento econômico para sempre.

Parte dessa ideologia estaria apoiada no que ele chamou de teoria do Investimento em Valor (Value Investing), no que também basearia suas publicações sobre o mundo dos investimentos. Entre essas obras, destaca-se “O investidor inteligente”, publicada em 1949, que se demonstrava um contraponto ao modo como o mercado de ações operava até o momento, de maneira meramente especulativa.

A obra de Graham educou os investidores sobre conceitos muito relevantes, como valor intrínseco e margem de segurança. Essas ideias ajudariam a pavimentar um dos modelos de investimento mais comuns atualmente, o chamado buy and hold, ou seja, investir em boas empresas e permanecer nesses investimentos enquanto essas organizações continuarem boas, evitando se desfazer das ações.

Mas, na prática, como funciona o value investing e como detectar o valor que Graham pedia para que os investidores enxergassem nas empresas? Exploraremos isso a seguir.

Value Investing na prática: veja como funciona de maneira descomplicada

Podemos dizer que o Investimento em Valor se baseia basicamente na análise fundamentalista dos ativos e a construção de uma margem de segurança para operar seus investimentos.

Margem de segurança

A margem de segurança diz respeito ao valor de uma ação no mercado e o seu valor intrínseco. Ao fazer as análises do value investing, busca-se detectar quais empresas são valiosas, mas, por alguma razão, estão descoladas na sua precificação de mercado. Logo, visa debruçar-se sobre os fundamentos das empresas para detectar se elas configuram uma aplicação realmente valiosa, especialmente para o longo prazo.

Pilares do investimento de valor

Dessa forma, requer ao investidor fazer boas análises sobre a empresa e seu segmento para detectar se ela entrega soluções de valor ao mercado e aos seus clientes. Por isso, é um tipo de avaliação que exige bastante da perspectiva e conhecimento individual e de como é possível enxergar a participação da organização em determinada economia.

A análise qualitativa pesa bastante nesse momento, e o investidor deve pensar com a cabeça de um sócio daquele negócio que pretende adquirir ações e ter direito a uma parcela de seus resultados.

Na prática, o value investing se baseia em alguns pontos para essa análise, que podem ser destrinchados em vários outros, para um entendimento mais profundo. Entre eles, vale a pena observar:

  • o negócio tem crescimento consistente? Observe a evolução da empresa em horizontes de tempos maiores, como cinco, dez ou quinze anos;
  • a empresa tem boa gestão da sua dívida? É fundamental entender como ela lida com suas obrigações de curto e longo prazo;
  • os lucros são consistentes? É comum empresas apresentarem lucros em um período e prejuízo no próximo, causando oscilações sobre o que ela entrega de valor. Logo, observe períodos mais dilatados também;
  • há perspectivas de crescimento para o ramo? Aqui, observa-se se o segmento de atuação da empresa ainda é relevante para a economia e para os consumidores e o que ela entrega de valor nesse quadro;
  • a empresa detém um bom market share ou está crescendo? Avaliar o quanto a empresa é ameaçada pelos concorrentes;
  • a empresa tem capacidade de desenvolver novos produtos e inovações no mercado em que atua? Capacidade de inovar e adaptar-se são fundamentais para os negócios sobreviverem;
  • como a última crise econômica afetou essa empresa? Negócios resilientes, especialmente em momentos de baixa, tendem a manter boas taxas de crescimento;
  • o que pode-se dizer da gestão dessa empresa? Negócios bem geridos e que ficam longe de escândalos de gestão são bem-vistos no mercado;
  • o que os funcionários e os clientes dizem sobre a marca? Avaliar as perspectivas interna e externa.

Como você pôde notar, são inúmeras perspectivas que se deve ter em mente para encontrar o valor intrínseco das empresas. Por isso, é importante entender e acompanhar seus balanços patrimoniais, seus indicadores fundamentalistas, pesquisas oficiais de mercado, pesquisas de comportamento do consumidor, indicadores de liquidez, estrutura de capitais e rentabilidade, entre outros.

Vantagens do Value Investing

Uma vez que o investidor se dedica a estudar e fazer comparativos para identificar o real valor das empresas, ele tem a chance de proteger e diversificar seus investimentos com mais segurança.

É comum encontrar casos de investidores que destinaram parte de seu tempo a estudar e adquirir ações de empresas que vão levar para o resto de suas vidas. É o caso de Warren Buffet com a Coca Cola, por exemplo. Por meio dessa técnica, Benjamin Graham alcançava rendimentos médios de até 20% anuais.

Portanto, podemos concluir que, sem sombras de dúvida, os pensamentos de Graham e o value investing mudaram os mercados e a maneira de encarar os investimentos para sempre. Seu legado é importantíssimo para entendermos de maneira clara as distinções entre os modelos especulativos dos trades (day e swing) e o investimento em valor, com a mentalidade de ser dono de uma parte da empresa e ganhar com o seu crescimento no futuro.

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